22 setembro 2006 

Vai tudo correr pelo melhor!

















Fotografia de © Corvacorax


Ninguém ouse tocar
Ou pintar o ar do nosso pensamento de uma outra cor
E mesmo as lágrimas
Que entoem uma cantiga de roda
E que depois se silenciem
Para ouvir a boa-nova:

Não te vou perder, querida
Bem sei!
Já te ganhei, mais, hoje,
Quando me disseste
Que me amavas,
Ainda que fosse tão baixinho,
Ainda que fosse só para mim…
Não te perco, querida,
Ganho-te!
E este choro que entoo,
É a canção,
A alegria de saber,
De me congratular,
De ter a certeza absoluta,
De que o teu olhar é o mais doce,
Supremo,
Único!

Não estás mais fraca,
Não estás,
Pois se és capaz de tocar o intocável com as mãos da tua voz,
Se és capaz de tocar a beleza da frase mais bonita:
Tudo vai correr bem,
Porque lá em cima,
Alguém desenha o melhor dos caminhos.

Sossega, meu Amor,
Que não te perco,
Só te ganho,
Mesmo assim,
Ainda que chorando escondida,
Porque tenho a certeza de te ter comigo,
Seja aqui…
Seja onde fores mais feliz…
Sempre!
Sempre!
Sempre!

Cristina Miranda.



Beijo doce para ti, Tai, e para ti, Cris

Vai tudo correr pelo melhor!

Porque SIM!

 





Amélia dos olhos doces,
Quem é que te trouxe grávida de esperança?
Um gosto de flor na boca,
Na pele e na roupa, perfumes de França


Cabelos cor-de-viúva,
Cabelos de chuva, sapatos de tiras,
E pois, quantas vezes,
Não queres e não amas
Os homens que dormem,
Os homens que dormem contigo na cama

Amélia dos olhos doces,
Quem dera que fosses apenas mulher
Amélia dos olhos doces,
Se ao menos tivesses direito a viver



Amélia gaivota, amante, poeta,
Rosa de café
Amélia gaiata, do bairro da lata,
Do Cais do Sodré

Tens um nome de navio,
Teu corpo é um rio onde a sede corre
Olhos doces, quem diria,
Que o amor nascia onde Amélia morre
Amélia dos olhos doces,
Quem é que te trouxe grávida de esperança?
Um gosto de flor na boca,
Na pele e na roupa, perfumes de França

Cabelos cor-de-viúva,
Cabelos de chuva, sapatos de tiras,
E pois, quantas vezes,
Não queres e não amas
Os homens que dormem,
Os homens que dormem contigo na cama

Amélia dos olhos doces,
Quem dera que fosses apenas mulher
Amélia dos olhos doces,
Se ao menos tivesses direito a viver



Amélia gaivota, amante, poeta,
Rosa de café
Amélia gaiata, do bairro da lata,
Do Cais do Sodré

Tens um nome de navio,
Teu corpo é um rio onde a sede corre
Olhos doces, quem diria,
Que o amor nascia onde Amélia morre

Letra e Música: "Carlos Mendes.

21 setembro 2006 

MEINE GEHEIMNIS BOX






















" Eu tenho uma caixa, ela guarda segredos.
Segredos que só eu sei.
Um dia hei de abri-la, para que o mundo sobreviva
e os fantasmas adormeçam ...em paz."

Criação, direção, interpretação e produção : João Roberto de Souza Première : junho de 1996 - Bühne unterm Dach - Kaiserslautern - Deutschland

18 setembro 2006 

























Eu quero amar amar perdidamente

Amar só por amar aqui e além

Mais este aquele e outro e toda a gente

Amar amar e não amar ninguém

Recordar esquecer é indiferente

Prender ou desprender é mal é bem

Quem disser que se pode amar alguém

Durante a vida inteira é porque mente

Há uma primavera em cada vida

É preciso cantá-la assim florida

Pois se Deus nos deu voz foi p´ra cantar

E se um dia hei-de ser pó cinza e nada

Que seja a minha noite uma alvorada

Que me saiba perder p´ra me encontrar



Letra de Florbela Espanca
Música de Teresa Silva Carvalho

17 setembro 2006 

As minhas traduções e eu

















O rabo (neste caso também o pénis) é sempre o mais difícil de roer... mas cheguei ao fim da tradução e deparei-me com este mimo. Recusei-me a traduzi-lo. Este invento, 'new men's pants' ultrapassara os meus limites. Mas e o prazo? Sempre os malditos prazos! A quem recorrer? Ao meu ai-jesus, pois então.

A coisa passou-se mais ou menos assim: "Molin, tu que usas boxers, diz-me, como chamas ao botão (snap button)com que as apertas?" "E, já agora, traduz-me esta merda, pois eu já não aguento....pifei de vez quando cheguei aquela parte do invento que tratava das vantagens.....Tu acreditas, Molin, que eu, sim eu! tive que escrever: "e uma das principais vantagens deste invento reside no facto de, ao andar, o dispositivo colocado na parte posterior da cuecas permitir uma suave e estimulante massagem da próstata?

Então, é assim:

"This invention is men's pants which promotes user's health by maintaining temperature of testicles below 33ºC for more prtoduction of testosterone which controlls men's energy and vigor, prevents skin deseases around genitals by eliminating sweat there, and manages our delightful lives with its airiness."

Resposta do meu ai-jesus-chuac-chuac
"Snap button" é mesmo mola, uma espécie de botão que muito jeito dá a apertar, mas mas ainda melhor desapertar....

Quanto ao último parágrafo...Talvez assim:"

Este invento é cueca de homem que favorece a saúde do utilizador ao manter a temperatura dos testículos abaixo dos 33ºC, para uma maior produção de testosterona, que controla a energia e o vigor masculinos, prevenindo doenças de pele na zona genital eliminando suores, tornando as nossas vidas mais agradáveis com a sua ventilação.
versão polite (a minha verdadeira proposta!)

Exta coija são os truxes du mé jaqim, que fajem andálo bem, com o xaco frexquinho, cuma bontade terrível de extar xempre atrás da moita, com o jé duro como cornos, sem chatos nem carrapatos, fajendo cantar o home de tanto arejamento
versão serrana

Esta maravilhosa descoberta tecnológica são peças de roupa interior inferior do representante masculino deste fantástico planeta que habitamos, que são verdadeiros achados clínicos para o melhoramento da condição humana, conseguindo equilibrar de forma notável o mercúrio da parte ainda mais inferior das partes inferiores, com significativo aumento na produção de substâncias poderosas demais para o desporto em geral, que por sua vez manipulam a força interior dos mesmos representantes, afastando de todos os males dermatológicos na zona inferior já mencionada, completando o nosso extraordinário dia-a-dia com uma leve sensação de brisa matinal
versão publicitária

Esta cena são boxers, que nos dá tótil chances de não termos que nos drunfar com pirulas ao manter flat o braseiro dos coisos, formando um vagalhão de adrenalina, que manipula a potência toda da chavalada, não estragando o fato nas partes baixas, sem catinga, fazendo a malta curtir bué a ventania
versão mix surf - groove

Um beijo
chuac&chuac cia. ltd.

15 setembro 2006 
























Amor é um arder, que se não sente;
É ferida, que dói, e não tem cura;
É febre, que no peito faz secura;
É mal, que as forças tira de repente.
É fogo, que consome ocultamente;
É dor, que mortifica a Criatura;
É ânsia a mais cruel, e a mais impura;
É frágoa, que devora o fogo ardente.

É um triste penar entre lamentos,
É um não acabar sempre penando;
É um andar metido em mil tormentos.

É suspiros lançar de quando, em quando;
É quem me causa eternos sentimentos:
É quem me mata, e vida me está dando.



Paulino António Cabral (1719-1789), Abade de Jazente, nasceu e faleceu em Amarante. Foi abade da freguesia de Jazente, advindo-lhe daí o nome por que é mais conhecido.

11 setembro 2006 

O Lado Fatal
























IV
O meu amado tinha coisas de menino:
dormia abraçado a mim feito criança,
gostava de doce e de ganhar camisas novas de presente.
Usava a água-de-colônia que lhe dei e ria:
"Pareço uma Paulina Bonaparte."
Olhava-me tão agradecido ao menor cuidado
como limpar seus óculos ou trazer-lhe água,
que era como se nunca tivesse tido infância.
(Gostava de rir, embora chorasse algumas vezes a meu lado).
Abria as portas grandes da varanda de nosso quarto
sobre as florestas da Gávea, e de tudo se admirava:
"Espantoso! Qual o sentido disso?"
Quando eu não estava em casa, ficava aflito:
telefonava para conferir se eu voltara ao nosso quotidiano:
"Sabendo que você está aí, meu mundo fica em ordem" .

O meu amado tinha coisas de menino:
mas seus olhos eram sábios
de entenderem quase toda a miséria deste mundo.

VI

O meu amado tinha indignações enormes:
andava de um lado para outro em minha frente:
não se conformava com os conformados, os corruptos,
os medíocres e os vendidos deste mundo.
Não se conformava com a miséria, a dominação, o desvalimento.
Não se conformava também quando não o entendiam.
Passava as mãos pelo cabelo grisalho
e ardia como um jovem de dezoito anos na sua ira:
"Tenho vocação é de terrorista".

(Eu escutava, com medo de que ele saltasse da varanda
levado pelo vendaval de seu furor de justo).

Depois ele fechava as portas de vidro sobre a noite quente,
me pegava pela mão, dizia:
"Vamos dormir".

E então era todo mel e ternura.


Lya Luft
"Não existe isso de homem escrever com vigor e mulher escrever com fragilidade. Puta que pariu, não é assim. Isso não existe. É um erro pensar assim. Eu sou uma mulher. Faço tudo de mulher, como mulher. Mas não sou uma mulher que necessita de ajuda de um homem. Não necessito de proteção de homem nenhum. Essas mulheres frageizinhas, que fazem esse gênero, querem mesmo é explorar seus maridos. Isso entra também na questão literária. Não existe isso de homens com escrita vigorosa, enquanto as mulheres se perdem na doçura. Eu fico puta da vida com isso. Eu quero escrever com o vigor de uma mulher. Não me interessa escrever como homem."

05 setembro 2006 













Está aqui a Raquel que não me deixa mentir: ando feita a taradinha dos se-me-ses. Descobri-lhe as vantagens: estou em contacto com os estimados e as estimadinhas em momento real e oportuno, quer seja dia quer seja noite, as notícias não envelhecem e é baratinho. Simples e rápido, e.g.: "m q m vem a ser eça? I n t tinha dit j p n ligares boy q n é flor q s ch Pq insist Procura ot c ok Mand news Bj lov u". Não sei se estão a acompanhar o meu ponto de vista. É que, por mail, eu teria que dizer: "mas que merda vem a ser essa?Eu não te tinha dito já para não ligares ao gajo, que não é flor que se cheire; por que insistes? Procura outro, caraças, está bem? Manda notícias. Beijos; adoro-te".

Mas vem isto a (des)propósito de me lembrar que há muito não vinha aqui ao berlogue. Mais precisamente, e se a memória não me engana, desde a última vez que aqui estive. Mas vir aqui significa falar, comunicar, interagir. E que tenho eu para dizer? Pois que me dói o dedo. Exactamente! A porra do dedo polegar da porra da mão direita (A Collen McCullough que me perdoe o plágio, mas estou a adorar a Casa dos Anjos).

E por que me dói o dedo? Porque o tenho gordo e com unha de gel grande e comprida, uma condição nada favorável a quem passa o dia a enviar se-me-ses. A solução é mesmo dobrar o dedo e teclar com o canto esquerdo da unha. Daí a dor lixada que tenho na porra do dedo. Do polegar direito, para ser mais precisa.


Por descargo de consciência, voltei a ler o que escrevi. A reacção foi directa e óbvia: "para escreveres esta merda, mais valeria estares calada!". Contudo, a-que-não-gosta-de-perder-nem-a-feijões que há em mim, contrapôs: pois, se eu estivesse deprimida, ainda poderia espremer-me, para gáudio dos intelectuais que por aqui (não) passam:

Olhos obnubilados
sinapses de desespero
de lágrimas entupidas
transpirando vazio


ou, estando triste, para gáudio dos poetas, que para mim se estão nas tintas:

alma doendo
emoções sagrando....


mas o que me dói é mesmo o dedo, porra!

(e bem que poderiam dar aqui um beijinho a ver se passa)

01 setembro 2006 








Te arrebataram o cavalo de madeira
Isso não importa
Te resta o astro
Filho
Ó flor de vulcão, pulsação de meu punho
Observo em teus olhos o nascimento do futuro
Vemos mais longe que os demónios que fazem um profeta de uma criança
Diz com os que recitam:
“eu não te peço uma carga leve
ó deus meu
dá-me costas poderosas”

te arrebataram uma porta para te dar furacões
abriram uma ferida para te dar um amanhã
destruíram uma casa para que construas uma nação
está bem... muito bem
vemos mais longe que os demónios que fazem um profeta de uma criança
diz com os que recitam
“eu não te peço uma carga leve
ó deus meu
dá me costas poderosas”


Mahmud Darwish


"E as vozes embarcam
Num silêncio aflito
"