29 março 2006 

























Diante de mim e à minha volta o espaço do mundo é imenso;
Se me volto de repente, fico aterrorizado, ao sentir o espaço que me rodeia;
Como um homem num barco em águas límpidas e profundas, o espaço assusta-me e confunde-me.

Vejo-me isolado no universo e penso
Que significado posso eu ter. As minhas mãos agitam-se sob
Os céus como partículas de pó flutuando dispersas.

Ergo-me e sinto um vento forte que me impele
Como um moscardo para o crepúsculo, sem que eu saiba
Para onde, ou porquê, ou até como vou.

São tantas as coisas à minha volta, e tão infinitamente
Pequeno eu sou, que pouco importa se conquisto
Minuciosamente o meu caminho para logo me perder?

Como me hei-de orgulhar de poder fazer
Seja o que for em tal imensidade? Sou demasiado
Pequeno para o vento que me arrasta.

D. H. Lawrence, Eastwood, 1985-1930,
Os Animais Evangélicos e Outros Poemas,
Trad. de Maria de Lourdes Guimarães, Relógio D'Água, 1994.

28 março 2006 

VERSOS ESCRITOS COM DESÂNIMO
























Quando foi a última vez que reparei
nos redondos olhos verdes e nos longos, vacilantes corpos
Dos leopardos misteriosos da lua?

Todas as feiticeiras dos bosques, senhoras tão nobres,
Partiram por causa das vassouras e das lágrimas,
Das suas lágrimas de ira.

Os centauros sagrados foram expulsos das colinas;
Nada me resta senão o sol frio;
A lua, mãe heróica, desapareceu,
E agora que cheguei aos cinquenta anos,
tenho de suportar este sol débil.

W. B. Yeats, tradução de Tatiana Leão e Nuno Dempster.

26 março 2006 

Sofrida, de ti me visto





















"Incapaz de escrever uma linha, hoje.
Dói-me a alma, e o pensamento é um navio perdido em mar de bruma.
Incapaz de me nortear, de sequer me aguentar, erecta, neste chão donde brotei como uma árvore.
O que é que tenho?
Quem é que me fez mal?"

[in A Personagem]
Maria Ondina Braga

25 março 2006 

Pelo filho que tem, parabéns, MÃE





















MÃE!


PARABÉNS
PELOS SEUS 84 ANIVERSÁRIOS


AGRADEÇO-LHE
TUDO O QUE FEZ POR MIM!
TER ANDADO COMIGO AO COLO
PELOS HOSPITAIS!

TER PEDIDO A DEUS
QUE EU VIVESSE
QUANDO OS MÉDICOS
LHE DIZIAM
QUE EU NÃO TINHA MUITO TEMPO DE VIDA!

NUNCA ME TER ESCONDIDO
DO MUNDO!
COMO OUTROS PAIS QUE O FIZERAM!

ENSINOU-ME A LUTAR PELA VIDA!
ENSINOU-ME A GOSTAR DE MIM!

ENSINOU-ME A AMAR!
ENSINOU-ME
A SORRIR SEMPRE!
ENSINOU-ME
A ENFRENTAR O MUNDO!

ENSINOU-ME
A SER EU!
A SER UM IGUAL
A TODA A GENTE!

OBRIGADO!
MÃE!

MESMO NAS INCOMPATIBILIDADES,
EU AMO!
PORQUE VOCÊ ME ENSINOU,
A LINGUAGEM DO AMOR!

ZezinhoMota

19 março 2006 




As minhas idiossincrasias.

Hoje deu-me para pensar nelas. Poderia ter dado para pior.

Como nem a mais pequena dúvida tenho do quanto elas vos interessam, queridos meus, resolvi pensar em voz alta.

O meu estado civil (vejo agora a razão da minha auto-análise idiossincrásica: tive que o escrever hoje num documento). Viúva...passei anos sem conseguir dizer ou escrever esta palavra. Hoje, em tentativa de desmame das drogas duras em que o meu psiquiatra me meteu, já consigo dizê-lo. Mas é uma palavra que detesto. Não pelo seu significado de perda, que entretanto foi substituído por uma terna e tranquila saudade, mas pela carga negativa que encontro nessa palavra. Há tantas anedotas sobre viúvas.... será por isso?
Enfim, uma barreira a transpor, pois não existem alternativas. Solteira?... fui; Divorciada?... teria que me casar primeiro; Casada? .... fosga-se!!! ... Unida de facto?... para isso seria preciso viver junto...fosga-se!!!!


A minha idade. Por ora, não me aflige. Mas quando fizer 60 anos? Não quero fazer 60 anos! Recuso-me a perder a minha identidade.
Senão vejamos:
Se acaso fosse atropelada hoje, o jornal de amanhã traria uma notícia do género: "Senhora (ou T.M.) foi atropelada quando seguia para o CCB. Crê-se que condutor se distraíu a olhar para as suas bem torneadas pernas ou então para a sua franja loura provocantemente contrastante com seu cabelo ruivo. Com algumas escoriações, T. foi assistida no Hospital e regressou imediatamente a casa.

Se acaso for atropelada já com os 60, a notícia rezará: "Sexagenária atropelada, quando se dirigia ao CCB, foi levada para o Hospital contusa. Já lhe foi dada alta".
Estão a ver o meu ponto de vista? Bom, e isto para já não falar da série de velhinhos que começariam a lançar-se furiosamente contra os carros, esperançosos em igual consequência...

Os cônjuges dos meus filhos. Obviamente tratam-me por tia... ou titas. Estão bem avisados. Nem sujeitos às maiores torturas me podem chamar por essa coisa odiosa, malvada... sim, esse nome de carga tão negativa que nem me atrevo a reproduzi-la.

Os filhos dos meus filhos. O Tomás, o Gonçalo, a Mariana, a Sofia, o Tiago. São os meus meninos d'ouro. A causa por que tenho a casa semi-destruída (com a ajuda dos cães, verdade seja dita); a causa por que não há Spirits, Lelos, Scobidoos e todos os outros que eu não conheça de cor, porque "ó Titas ainda só vimos este 2 vezes..."; a causa por que trabalho tanto, pois não resisto àquelas roupas lindas..., àqueles ténis de encantar... para já não falar das colecções de cromos, cujas caixas completas custam 23 euros cada....; a causa que me leva a gritar apavorada na montanha russa e em todas aquelas máquinas de tortura.

Obviamente tratam-me por Titas. E por que não Avó? Avó não é estado civil, é estado de graça; não é sinónimo de perda de identidade; não é palavra odiosa, muito pelo contrário. Então porquê Titas? perguntam vocês (os sobreviventes que estoicamente conseguiram chegar até aqui).

Irra, que são burros, porra! Porque sou namoradeira e porque há coisas que não se fazem a uma Avózinha.

Prontos, desabafei.

11 março 2006 

Sois Bem Vindos


























Assim vos saúda Morgana das Fadas, com um sorriso do outro mundo a brincar nos lábios e o luar a brilhar nos olhos de cor incerta. E eis como vos fala:

"Procurastes-me. Vede, aqui me tendes... e isso porque me buscastes a ponto de me terdes feito desejar que me encontrásseis. E tal não é cousa fácil!"

Aqui soltou uma pequena gargalhada, explicando...

"Mudo de forma e de lugar mais rapidamente do que o pensamento... posso passar junto de vós, roçar-vos e desaparecer antes que julgueis ter-me apercebido; permitir que me fiteis mas sem que me reconheçais ou que julgueis ter-me reconhecido, quando estou bem longe! Tudo conforme os meus desejos. Conforme..."

Velada dos pés à cabeça, confundindo-se com as sombras da noite, ela ainda vos sorri, ainda vos fala:

"Aqui me tendes agora. Aproveitai enquanto assim me apraz, a mim – que já tive muitos nomes e por quem milhares de luas já passaram! A mim, a quem chamaram Filha, Irmã, Mãe, Rainha, Fada e Gran-Sacerdotiza... A mim, mulher jovem de tão idosa que sei ser!, mulher bela de tanta fealdade já ter dominado.

Aqui estou eu, a Fata Morgana!"























O tempo passa
Eu fico ou já passei

Como o relógio parado
na hora da pancada certeira
que levou
Ou a ideia solta
cruzando o ar
veloz e desordeira
impossível de cronometrar

É relativo o tempo e afinal eu também
Pois simultaneamente fico e já não estou.

Fata Morgana

10 março 2006 

























a beleza das causas; as causas da beleza


Aos Meus Amigos

Não sei ser alegre
com hora marcada
em data específica.
Perversas e doridas
as palavras escasseiam.
Sabem a sal.

A cada momento
invento a coragem.
Para amar
para continuar
para ser.

Deixo-vos as palavras do poeta.
(que não sou ... nem sei)

Júlia

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Canção da Coragem

Nem que a morte me soltasse
todas as velas do sangue
deixaria a minha casa
como se fosse um culpado.

Nem que a morte me soltasse
todas as velas do sangue.

Nem que a morte me dissesse:
"-- Virás, de noite, comigo...",
eu trairia um amigo.
Nem que a morte me levasse.

Nem que a morte me dissesse.
Nem que a vida me fugisse.

Nem que a morte me fechasse
todas as portas do sonho
deixaria de cantar.
Nem que a morte me calasse.

Nem que a morte me fechasse
todas as portas do sonho.

Nem que a morte acontecesse
bem por dentro dos meus olhos
eu deixaria de ver
todo o amor de joelhos.

Nem que a morte acontecesse
ou, meu amor, eu cegasse.

Ai, nem que a morte viesse
como só vem a tristeza
eu me dava por vencido.
Nem que a morte me doesse.

Ai, nem que a morte viesse
como só vem a tristeza.

E se a morte violentasse
as paredes do meu peito
meu coração lá estaria
como uma rosa de esperança.

Como um pássaro de sangue
poisado nas tuas mãos.

(Joaquim Pessoa in Amor Combate)

09 março 2006 
























Dia de Anos

Com que então caiu na asneira
De fazer na quinta-feira
sei-mas-não-digo-quantos anos! Que tolo!

Ainda se os desfizesse...
Mas fazê-los não parece
De quem tem muito miolo!

Não sei quem foi que me disse
Que fez a mesma tolice
Aqui o ano passado...

Agora o que vem, aposto,
Como lhe tomou o gosto,
Que faz o mesmo? Coitado!

Não faça tal: porque os anos
Que nos trazem? Desenganos
Que fazem a gente velho:
Faça outra coisa: que em suma
Não fazer coisa nenhuma,
Também lhe não aconselho.

Mas anos, não caia nessa!
Olhe que a gente começa
Às vezes por brincadeira,

Mas depois se se habitua,
Já não tem vontade sua,
E fá-los queira ou não queira!

(João de Deus)

 

Vamos receber os campeões de madrugada













Aeroporto da Portela vai ser local de romaria

08 março 2006 

Porque hoje é dia 8, a minha homenagem a uma Mulher, nela englobando todas as Mulheres que amo e admiro.

























Chegam as palavras

coloridas, na ponta
do lápis
da caneta
do giz...

chegam como
molhos de flores
silvestres coloridas
odoríferas.

Chegam as palavras
como cactos
eriçados
como cardos
como urtigas
picam, cortam
como facas
estilhaçam
como tiros
dilaceram
como predadores
descarnam
como a morte.

Chegam as palavras
como sons
pelo ar.

Chegam as palavras
como símbolos
no papel
na tela
no vidro
na madeira
no ecran
no ferro
na cal
na pedra
na areia
na pele....

chegam as palavras
em qualquer suporte.



Chegam as palavras
Pensadas
ditas
de boca, na boca
escritas
ouvidas
lidas.

Chegam as palavras

eruditas
comuns
incomuns
polidas
ordinárias.

Chegam as palavras
com uma intenção
exposta
encoberta.

Chegam as palavras

acolhedoras
frias
de estímulo
de regozijo
de repúdio
de paz
de guerra
de amor
de ódio
de fúria e raiva
chegam as palavras.

Independentemente de como chegaram
as palavras atingem
os vulneráveis corpos
as serenas expostas almas.
Atingem-nos
sem que lhes saibamos
o porquê.

Chegam as palavras.

Chegam as palavras
embrulhadas
envernizando
ideias.

Falsamente neutras
chegam as palavras.

TMara

 




















"Brokeback Mountain" - O filme


Para quem não viu o filme, eu trato já de resumir:

Tudo sobre dois cowboys que um dia descobrem que são rabetas !
E, conversa puxa conversa, quando dão por eles já se estão a escavacar um ao outro.


Desenvolvendo, estes dois cowboys vão para a montanha pastar ovelhas; depois aquilo até começa a nevar e não sei o quê; e os gajos estão lá sozinhos e isolados ; e vem um "Ah, e tal ...tá frio não tá?!" e o outro "Ah, pois, tá a cair aquela nevezinha molha-parvos, que é assim fraquinha, mas é fria ... . "


Bom...começam com esta conversa meteorológica e ... pumba, quando dão por eles, tão-se a canibalizar ... Daí o nome do filme Brokeback Mountain (em Português Dobra-a-espinha na Montanha ) .


Ora, pergunto eu, não havia mais nada para achincalhar?! Com os cowboys?!
Isto são gajos que são supostos serem duros. Quer dizer que os cowboys quando estão lá a conduzir o gado e a gritar e a assobiar, é treino pra gemerem melhor logo à noite?! E quando andam nos Rodeos aos saltos em cima de touros bravos?! é p'ra tonificar as nádegas ?!


Os putos, quando eram putos, fartavam-se de brincar aos cowboys e agora vêm estes gajos e destroem o futuro de biliões de criancas que estão por nascer e que, a partir de agora , não vão querer brincar aos cowboys porque isso é brincadeiras de limpa-fundos (e eu não estou a falar de peixinhos de aquário aqui).


Já tou a ver um Xiquinho qualquer :
Paulinho! ...vamos brincar aos cowboys ?!
Foooooosga-se!!!! Vai tu ...


Cowboys larilas?! Isto só podia ter nascido da cabeça de um chinês enfezado como aquele Ang Lee, que tá-se mesmo a ver o que é que ele quer ...
Aquilo é gajo pra ter um quinta com 200 cavalos presos há 8 meses com uma corda nos estábulos e com uma fotografia da Miss égua 2005 em frente às ventas p'ra que fiquem todos a relinchar e a escavar o chão à espera de acção, assim que entrar o Ang Lee, com uma dor nas costas ...


É que se esta porra pega, um dia destes temos aí um Manuel de Oliveira qualquer com um "Dobra-a-espinha na Leziria" com dois campinos a cruzarem olhares gulosos...








07 março 2006 

"O GATO NA PAISAGEM"





















Anos
São enganos
Ledos

Folguedos
De água...

Chama
Que clama
Na paisagem...

E reclama
O gato...

Incauto
Ardendo
Em fio
De água

Miragem
Doirada...

água quente, gato escaldado, PARABÉNS!

06 março 2006 

05 março 2006 

May Allah have mercy on mine soul (Part II)












04 março 2006 

May Allah have mercy on mine soul (Part I)



























03 março 2006 










não vou dizer que o texto é meu,
porque não sou mentirosa;
não vou dizer de quem é,
porque não sei)

Sherlock Holmes e Dr.Watson vão acampar.
Montam a tenda e, depois de uma boa refeição e uma garrafa de vinho, deitam-se para dormir.

Algumas horas depois, Holmes acorda e diz para o seu fiel amigo:

_Meu caro Watson, olhe para cima e diga-me o que vê.

Watson responde:
_Vejo milhares e milhares de estrelas...


Holmes, então, pergunta:
_E o que isso significa?


Watson pondera por um minuto, depois enumera:
1. Astronomicamente, significa que há milhares e milhares de galáxias e, potencialmente, biliões de planetas.

2. Astrologicamente, observo que Saturno está em Leão e teremos um dia de sorte.

3. Temporalmente, deduzo que são aproximadamente 03h15min pela altura em que se encontra a Estrela Polar.

4. Teologicamente, posso ver que Deus é todo-poderoso e somos pequenos e insignificantes.


5. Meteorologicamente, suspeito que teremos um lindo dia. Correcto?


Holmes fica um minuto em silêncio e diz:
_Watson, seu idiota! Significa que alguém nos roubou a tenda!!!


Moral da história:
A vida é simples, nós é que a complicamos.

02 março 2006 

























(há gestos que calam o agradecimento,
e as palavras não bastam;
um beijo, meu amigo)