19 novembro 2006 










Como não sei quando (ou se) vou regressar, despeço-me com um suave "a gente vê-se por aí"....


 

Confesso que não vivi






















Passei uma eternidade à tua espera
E esperei…
Subi ao céu e rodopiei
Dei a volta e reentrei
Toma este mar…
Que os nossos dias são curtos…
E foram tão longos os tempos sem ti
Tão sofridos por não te ter
Confesso que não vivi!


Rogério Martins Simões

13 novembro 2006 




















Vô contá como é triste, vê a veíce chegá,
Vê os cabelo caíno, vê as vista encurtá
Vê as perna trumbicano, com priguiça de andá
Vê "aquilo" esmoreceno, sem força pra levantá.

As carne vão sumíno, vai pareceno as vêia
As vista diminuíno e cresceno a sombrancêia
As oiça vão encurtando, vão aumentano as orêia
Os ovo dipindurano e diminuíno a pêia.

A veíce é uma doença que dá em todo cristão
Dói os braço, dói as perna, dói os dedo, dói a mão
Dói o figo e a barriga, dói o rim, dói o purmão
Dói o fim do espinhaço, dói a corda do cunhão.

Quando a gente fica véio, tudo no mundo acontece
Vai passano pelas ruas e as "minina" se oferece
A gente óia tudo, benza Deus e agradece,
Correno ligeiro pra casa, ou procurano o INSS.

No tempo que eu era moço, o sol prá mim briava
Eu tinha mil namorada, tudo de bão me sobrava
As minina mais bonita da cidade eu bolinava
Eu fazia todo dia, chega o bichim desbotava.

Mas tudo isso passô, faz tempo, ficô pra tráis
As coisa que eu fazia, hoje num sô capaiz
O tempo me robô tudo, de uma maneira sagaiz
Pra falá mesmo a verdade, nem trepá eu trepo mais.

Quando chega os setenta, tudo no mundo embaraça
Pega a muié, vai pra cama, aparpa, beija e abraça
Porém só faiz duas coisa: sorta peido e acha graça.

10 novembro 2006 

Analogias virtuais...

Sente-se só. De pé, entre as paredes pontilhadas de fragmentos de vida - fotografias, recortes de revista, post-its e maquetas - repara no piscar das minúsculas luzes do modem que lhe mostram que este iniciou o seu mutismo. Não poderá durante demasiado tempo, sabe, caminhar pelo corredor - é assim que ela imagina o mundo virtual, um corredor por onde todos se passeiam, falando-se ou não, numa multidão de vozes quase sempre sem som e tantas vezes anónimas, ou quem sabe, fazer apenas fazer uma pesquisa, espreitar um blog, uma notícia...

Sente medo. Observa o velho Mac - um computador que a que o tempo roubou pressas mas que ainda ostenta orgulhosamente o logo colorido da maçã - mantém-se silencioso. Acorda-o com um toque suave no rato. Não quer ficar sozinha... Por toda a casa encontrou vestígios recentes de vazio. Um livro, um cinzeiro ou uma moldura que deixou o seu traçado no pó fino que permanece nos móveis. Cada objecto transformou-se numa peça de partilha, parte de um puzzle que nunca irá completar. Achava-se mais forte, mas o medo surgiu mascarado de noite e de sombras. Já não pode refugiar-se no corredor virtual.

Pára no tempo. Leu em criança demasiados contos de fadas, e já adulta, coleccionou do mundo real apenas o que lhe interessou. Recusou-se a catalogar o cinzento do mundo e remeteu-o desordenadamente para caixas de cartão, que mantém num sótão reservado para o que considera proibido. E um dia, abruptamente, começou também a riscar o futuro - um futuro imaginado, que em tempos se entretinha a desenhar delicadamente, como se estivesse na primeira classe a treinar o alfabeto - riscou-o com violência, até rasgar a folha. Mas riscou-o já demasiado autêntico.

Fixa o ecrã. Na vida não se fazem rascunhos, não há "maça, z", nem "control, z". Não se fazem updates à felicidade ou desfragmentações ao sofrimento. Hipnotizada pelos pensamentos, projecta mentalmente circunferências, vectores sem alma ou defeito que refaz na perfeição, como se fosse possível a perfeição se imitada por uma máquina. É fácil gerir a nossa mente perante um documento em branco, que em nada nos questiona. Esse vazio de cada novo documento parece despertar-nos a capacidade de recomeçar. Alguns toques no teclado e no ecrã os círculos adquirem, aleatoriamente, tonalidades e transparências suaves.

Relembra. Há um ano atrás, o primeiro disco rígido do computador morreu. Alguns gigas de tudo e de nada desapareceram. Durante dias catalogou o que se encontrava preso no interior da peça fria e inacessível de hardware, cada fragmento de informação que nunca mais seria imagem, som ou vector. Perante a inevitável perda de toda a informação, refez os trabalhos a decorrer à data do incidente e arquivou os restantes - aqueles que mais sorrisos tinham feito surgir - na área que o cérebro dedica ao não esquecimento.

Sorri. Sempre se refugiou em analogias para assimilar o traçado invisível da vida - como em criança entendeu, através dos infinitos numéricos, que o seu querido céu de brilhos vários também não tinha fim. É agora uma máquina - um aglomerado de plásticos e hardware sem vida - que a ensina. O passado permanece, nunca desaparece no vazio. Transforma-se em fragmentos de memória.

Respira fundo. Retira finalmente todas as ligações ao modem".

Raquel V.



(um texto surpreendente, marcado pela potência do génio; por isso, e por tudo o mais,
também eu te amo; respira fundo... e sorri!)

09 novembro 2006 

Aproxima-se o Natal,
manifestam-se os afectos.
É tempo de prendas, bom gosto e ....
Cumplicidades





















"Tudo bem, eu aceito, para quê negar e lutar contra uma vontade que nasce e cresce em cada segundo do pulsar da vida, mas por que haverias de querer a minha alma na tua cama?..."

02 novembro 2006 



















Na Internet, nem todas as crianças têm este sorriso.

Na Internet, existem mais de 100 000 sites pornográficos com crianças.

Na Internet, mais de 20 000 crianças aparecem em sites porno todos os dias.

19% dos pedófilos têm imagens de crianças com menos de 3 (três) anos de idade.

AS CRIANÇAS VÍTIMAS DE ABUSO SEXUAL EM SITES PORNOGRÁFICOS NÃO PODEM FALAR POR SI.

MAS NÓS PODEMOS!

TU PODES!

Acende uma vela.